PEDIDO DE POSICIONAMENTO AO PARTIDO SOCIALISTA SOBRE OS DESPEJOS SEM ALTERNATIVA NA AMADORA E PEDIDO DE AUDIÊNCIA
A Assembleia da Habitação entregou hoje na sede do PS uma Denúncia sobre a actuação da Câmara Municipal da Amadora no Bairro de Santa Filomena, com pedido de audiência a António José Seguro.
Eurico
Cangombi, um dos moradores que viu ser demolida na semana passada a
construção onde habitava desde 2006, entregou em mão a João
Vargas do PS a carta-denúncia e o pedido de audiência.
Nota
de imprensa
Carla
Tavares (C.M. Amadora do PS) cria Pessoas Sem-Abrigo
Na
terça-feira dia 6 de Maio, a Presidente da Câmara da Amadora eleita
pelo PS, Carta Tavares, voltou a demolir habitações no Bairro de
Santa Filomena, na Amadora, com uso de força policial, arrombando
portas, retirando famílias à força de dentro das suas casas e
destruindo 7 casas.
Contudo, no
passado dia 2 de Abril de 2014, o
líder do PS,
António
José Seguro, assumiu o compromisso de "criar condições"
para que deixe de haver pessoas a viver na rua. Afinal,
perguntamos, que resposta António José Seguro para as autarquias
onde o PS governa? Exigimos do PS que seja coerente mas suas
promessas e práticas.
Exigimos
que parem as demolições na Amadora.
Exigimos
o realojamento dos moradores do Bairro de Santa Filomena cujas casas
foram demolidas.
No
passado dia 2 de Abril de 2014,
em
visita à Associação Cais, o líder do PS,
António
José Seguro, mostrou-se chocado e assumiu o compromisso de "criar
condições" para que deixe de haver portugueses a viver na rua.
Contudo,
o PS de
Seguro é o mesmo PS que é responsável por criar famílias inteiras
Sem-abrigo na Amadora, onde
tem vindo a demolir com violência o ÚNICO tecto a que as pessoas
têm acesso e que podem suportar, e colocando-as em estado de
emergência e necessidade social.
Ponto
da situação no Bairro de Santa Filomena
A
Presidente da Câmara da Amadora eleita pelo PS, Carta
Tavares, tem vindo a demolir vários bairros na Amadora,
dando seguimento ao seu trabalho como vereadora da Habitação no
mandato anterior sob a presidência de Joaquim Raposo.
Na
terça-feira dia 6 de Maio, a Câmara Municipal da Amadora eleita
pelo PS voltou a demolir habitações no Bairro de Santa Filomena, na
Amadora, com uso de força policial, arrombando portas, retirando
famílias à força de dentro das suas casas e destruindo 7 casas.
Em
situação de emergência, as pessoas desalojadas ocuparam no sábado,
dia 10 de Maio, a Igreja Matriz da Amadora, onde encontraram
acolhimento provisório num ATL desocupado.
Na
segunda-feira dia 12 de Maio, dirigiram-se à Segurança Social que a
única proposta que tem para os desalojados do bairro de Santa
Filomena, é o acolhimento de emergência num albergue de Sem-Abrigo
em Xabregas.
Isto
é a prova de que a Câmara da Amadora de Carla Tavares do PS produz
sem-abrigo e a Segurança Social assina por baixo, empurrando
as pessoas para os albergues nocturnos dos sem-abrigo, aqueles que o
próprio secretário geral António Seguro do PS declara querer
erradicar.
Carla
Tavares do PS sabe da situação de fragilidade e vulnerabilidade
destas pessoas, desempregadas, sem subsídios e sem possibilidades de
aceder a nenhum outro tecto.
Ao
contrário do que diz Carla Tavares à imprensa, esta actuação da
CMA tem deixado na rua as pessoas que estão fora do PER (Programa
Especial de Realojamento, datado de 1993). Assim, todas as pessoas
que passaram a viver no bairro desde há menos de 20 anos, estão sem
qualquer alternativa de habitação social, sem qualquer apoio.
Ninguém está livre do despejo e do tratamento violento da CMA:
mulheres, mães sozinhas e desempregadas, homens, crianças,
idosos/as, desempregados, doentes, etc.
Segundo
um inquérito realizado no bairro de Santa Filomena pelo Habita -
Colectivo pelo Direito à Habitação e à Cidade em Julho de 2012, o
universo das pessoas excluídas do realojamento e que, portanto,
ficariam sem tecto, era constituído por cerca de 285 pessoas, em 84
famílias, das quais: 105 crianças até aos 18 anos (73 menores de
12 anos), várias nascidas em Portugal e escolarizadas; 80 pessoas
estavam desempregadas; 14 pessoas com invalidez permanente,
deficiência ou doença crónica. Mais de 55 famílias tinham pelo
menos uma pessoa desempregada; mais de 20 famílias eram
monoparentais, na sua grande maioria compostas por mãe e filhos/as.
A média dos rendimentos destas famílias era muito baixa,
situando-se entre os 250 e os 300 euros. De referir ainda que metade
vivia há mais de uma década no Bairro, e algumas há mais de duas
ou três décadas.
Onde
está o compromisso do PS?
Onde
está o interesse público? E o interesse dos cidadãos e cidadãs
afectadas?
Quais
as razões que estão subjacentes a uma actuação que viola o
direito humano à habitação dos seus munícipes em nome dos
interesses dos ganhos especulativos e económicos de um Fundo de
Investimento Imobiliário?
No
entanto, o
bairro de Santa Filomena já existe há mais de 40 anos, as pessoas
que aí viviam também compraram partes desse terreno nos finais dos
anos 70, pagaram (e pagam) IMI, taxas de esgoto, agua e luz.
Nos anos 90 fizeram um abaixo assinado e a própria Câmara mandou
alcatroar o Bairro. Ali têm serviços, creche, ATL e uma capela onde
se realiza a missa todos os Domingos. É uma comunidade que se apoia.
Como
é possível que a Câmara do PS e a sua autarca Carla Tavares, não
só ignore o estado de necessidade e de vulnerabilidade em que vivem
estes cidadãos em consequência da crise, como ainda intervém
directamente na colocação destes cidadãos em situações de estado
de emergência permanente, ao demolir a único lar que tinham, a
criar Sem Abrigos?
É
fundamental que o compromisso assumido pelo PS não seja apenas verbo
de encher, demagógico e eleitoralista, mas consubstancie uma
intenção séria que pode ser concretizada no imediato:
-
Exigindo que o membro do seu partido Carla Tavares, PARE COM AS
DEMOLIÇÕES, PARE DE CRIAR PESSOAS SEM-ABRIGO.
-
Exigindo que o membro do seu partido Carla Tavares, CONCRETIZE UMA
ALTERNATIVA HABITACIONAL séria para as pessoas que ficaram
desalojadas e que pernoitam no ATL da Igreja Matriz.
Esta
é uma Denúncia e um Apelo ao Secretário-Geral do PS, porque se
afirma que bastará uma legislatura para acabar com os sem-abrigo,
que o demonstre agora começando por se posicionar sobre os despejos,
sem alternativas adequadas, efetuados pela autarca do seu partido.
A Assembleia da Habitação,
reunida em 17-5-2014 junto
à Igreja Matriz da Amadora
INFORMAÇÃO
Desalojar
pessoas para protejer um Fundo Imobiliário do Millenium-BCP
Os
terrenos onde se situa o Bairro de Santa Filomena pertencem ao Fundo
Fechado Especial de Investimento Imobiliário VillaFundo, gerido pela
Interfundos do Millennium BCP. Surpreende-nos
pois o forte empenho da autarquia na demolição deste bairro.
Este
fundo não distribui rendimentos, revestindo a característica de
fundo de capitalização, visando a acumulação de capitais.
Para além disso trata-se de um fundo fechado, um tipo de instrumento
que, segundo a Proteste, muitas vezes visa proporcionar ganhos
fiscais às instituições que os criaram. Tem por isso por isso
objectivos bastante díspares do interesse público.
Como
qualquer outro instrumento desta natureza, as expectativas de
rentabilidade dependem das avaliações dos imóveis que fazem da sua
carteira e tem factores associados às condições de aquisição dos
imóveis, aos projectos de construção previstos e às valias
esperadas com a sua alienação ou rentabilização. Segundo o
Relatório de Actividades deste Fundo relativo ano de 2012, os
terrenos onde se encontram implantadas as casas das famílias de
Santa Filomena, que ali se encontram há mais de 30 anos, foram
avaliados em 25 milhões de euros (25.210.590,72 €) e representam,
para o Fundo, uma mais valia potencial de cerca de 1 milhão e 400
mil euros (1.389.409,28 €).
Mais informações
O apelo feito ao Patriarcado:
http://www.habita.info/2014/05/carta-ao-patriarcado.html
http://www.habita.info/2014/05/carta-ao-patriarcado.html
Dossier Santa Filomena:
http://www.habita.info/2014/05/dossier-bairro-de-santa-filomena.html